Archivo por meses: noviembre 2018

Chat peruano

Me quedé solo entre un mar de mediocres y cobardes

-Eres un apestado, me dice Fredy

De visita en esta isla de monologantes

Este recodo olvidado del archipiélago

Si no tuviera fe si no tuviera amor

Si no te tuviera

Hace rato que hubiera dado con mis restos

En la huaca más próxima a mi domicilio

Pensar en el Perú es imposible

Porque aquí todo el mundo sólo

Quiere tener la razón

Algo se quebró en la placenta misma

De todos los peruanos

Una vocación común de huele pedos

Huevas y mojones

Es difícil encontrar un ser vivo que ya se haya graduado

Salvo por colosal accidente de la naturaleza

Por ciego empuje del desamor

Por  soledad letal

O por unos ojos donde dios directamente nos habita

Perú, excepcional agonizante

De  un lado los mineros

Del otro, la masa de esclavos (Simón Bolivar dixit)

Unos ojos donde dios directamente nos habita

Si no, más bien, unos polvorientos desechos

Una ropas estrujadas por el tiempo por la nada

Por lo invisible por el alma

Que tenaces  se han ido tragando

Ya casi  el total de  nuestro miserable  cuerpo

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Roxosol: a vocação da poesia/ Bruno Eliezer Melo Martins

Pedro Granados completa 40 anos dedicados à poesia, ativado e mais firme do que nunca em sua labuta poética e marginalmente verdadeira. Publicou este ano, em Lima, no Peru, uma edição bilíngue (espanhol e português) o livro Roxosol, com tradução para o português de Amálio Pinheiro e apresentação de Julio Ortega e saiu pelo editorial Cascahuesos. Para aqueles que se perguntam que palavra é essa que nomeia o livro é uma junção, mirada num presságio fantasmagórico de três sóis de cores distintas: amarelo, roxo e azul: Roxosol. E a capa comemorativa é da artista plástica colombiana Bibiana Vélez Cobo.

Algumas notas da leitura do livro são brevemente necessárias, uma tentação para a leitura ou talvez apenas uma tentativa de homenagem. Dedicar-se à poesia é uma vocação e sua maior recompensa poderia ser uma espécie de sobrevivência em radical esquecimento em um de seus poemas de Roxosol. A radicalidade da poesia pedrogranadiana se estende na absoluta liberdade de sua sintaxe intima e revive em um fio que nas palavras de Julio Ortega nos concede verdade e piedade.

Granados cria para si uma religião e gravita sobre ela como dom da poesia, a quem sempre clama por sua presença. Transforma-a em uma entidade e seus poemas são preces e rezas, alguns tão convulsivos que chegam a criar uma língua, como se tivesse o dom bíblico das línguas estranhas. Contudo o que centra seus cânticos de louvor é a poesia, por ela o poeta vibra, pede intercessão e notamos que a maior dádiva é o comparecimento poético encarnado em papel, prensa e leitura. Quando a presença poética se manifesta somos conduzidos ao oásis e as palavras são gestos e carícias, ler sua poesia é performar com o coração nas mãos.

Notamos o diálogo do poeta com uma sóbria poesia-entidade, com ela estabelece uma mágica consonância simbólica, cada poema é recriado num princípio de verbos desafiantes e em libidinosa língua. A tradução de Amálio Pinheiro consegue transformar os peruanismos em expressões assentadas na estranheza que enriquecem a língua portuguesa falada e escrita no Brasil. Expressões intraduzíveis encrustam vocábulos novos em nosso favor. Os poemas produzem uma caudalosa espiral durante a leitura, é preciso dançar com a língua nos dentes e encontrar na malemolência do ritmo o intruso poético que penetra na idade madura e nos convida ao espetáculo de um céu e três sois.

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VALLEJO EN MARTE, MARTE EN VALLEJO: LA POESÍA DE EDGAR ARTAUD JARRY

Por Pedro Granados*

Edgar Altamirano Carmona (Chilpancingo, México, 1953), profesor investigador en ciencias de la Universidad Autónoma de Guerrero es además, y paralelamente, el poeta Edgar Artaud Jarry: voluntario para un viaje sin retorno a Marte y, a través de sus escritos, de más que evidente vocación intergaláctica. Cuya obra —en pleno proceso de expansión— conecta en su país tanto con contemporáneos como con infrarrealistas; aunque su performance al lado de este último grupo lo ubica, ante el gran público, como uno más de los compañeros de ruta de Bolaño o Papasquiaro; y para nosotros, aunque con previas mediaciones y cierta opacidad, también de César Vallejo. Nuestro papel estriba aquí en llamar la atención sobre la particularísima articulación que constituye esta obra; entre culta y coloquial, entre contenida e infidente, entre estoica y desopilante. Rasgos, asimismo, que colaboran en configurar las diversas máscaras con las que invariablemente aparece pertrechado leyendo ante el público; la mayoría, gente muy joven que ahora mismo lo sigue por doquier.

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