Outra farta vertente conexa possível está naquela fala biografemática de Vallejo, quando esquartejava à exaustão as palavras e discursos dos poetas e políticos da moda e de plantão, revelando sílabas e cadências repetitivas ou inusitadas. Esta ação poética prévia, popular e cotidiana é uma espécie de gênero de base que passa tradutoriamente para os poemas. O mesmo foi feito com a descoberta da não-palavra ou quase-palavra “Trilce”. É uma sorte de “Magistral demostración de salud pública” (“Contra el secreto profesional”, 1973: 56), em que, por exemplo, todos os chamados “erros” ortográficos ou gramaticais e sintáticos passam a complexos dispositivos operatórios plurilingues saídos da vida do cidadão comum. Pensemos em tudo que o Cholo fazia com as trocas entre “b” e “v”, onde se expunha uma Babel rotativa da voragem dialetal ameríndio-negroide-peruana (disse Sarduy, sobre a vocalização cubana das ruas: “Quando o falar cubano se agita, há várias línguas, várias civilizações que se expõem, e o centro não está em parte alguma”). Trata-se de uma dança vocal da “multiplicação do múltiplo” (Viveiros de Castro). Que episteme é essa, minha gente? Vallejo transformava isso em tauxia (do árabe, bordar) ou, em castelhano, “taracea” (do árabe, incrustar). A saber, entre tantos casos: “Vusco volvvver de golpe el golpe. (…) Busco volvver de golpe el golpe.” Esta é uma pista: ler em tauxia; leer en taracea. Aprender trilcicamente, na ribalta do cotidiano, escutando e conversando nos bairros da sua cidade, no meio do mato e no litoral.
Trilce – Tacora: Retóricas sin nombre (Nueva línea de investigación de VASINFIN)
“Minha terra tê parmeras
che ganta inzima o sabiá.
As aves che stó aqui
Tambê tuttos sabi gorgeá.
É uma figura que se situa próxima de Oswald de Andrade (que o aplaudiu em vários textos) e do poeta da música popular paulistana Adoniran Barbosa.