Palavras perdidas em meios silêncios, de Gerson Albuquerque

“Diálogos com Drummond e Pessoa”, lema al inicio del poema “Veredas”, podría constituir una de las capas fundamentales del hojaldre que arma Palavras perdidas em meios silêncios (Rio Branco: Nepan Editora, 2017.141 p.); reciente y espléndido primer libro de  Gerson Albuquerque.  De Drummond le viene el fuerte sentido de pertenencia a un lugar y a una identidad; aquello de “Alguns anos vivi em Itabira./ Principalmente nasci em Itabira”. De Pessoa, mientras tanto, la invitación a considerar que esto último es — sino una completa invención– al menos sólo un leve diseño, un mapa a cuyas selectas aristas ilumina una frágil, aunque porfiada memoria: “minha filha/ re-desenha meu coração”.  Aquella dialéctica constituye, pues, el círculo concéntrico más amplio que enmarca  los diferentes motivos de esta compleja propuesta:

-el de la identidad: “Nasci em Manaus/e nem sei o gosto das águas sujas do rio Negro/ Sei que o mar passa longe/ e que essa Paris de puta sem dentes/ é minha fratria”

-el del desamor: “Nem a sombra de tuas palavras/ teus beijos frágeis/ teus prazeres instantâneos/ nem tuas obscenidades/ Percorro meu corpo/ e nada de cicatrizes”

-el del encuentro con la poesía: “Fundo de rede/ No fundo da tarde/ uma manhã/ No próximo da noite/ o mês de julho/ No não dito / o mal dito/ No fundo da rede/ uma tarde”.

Otros motivos complementarios, aunque no menos articulados o yuxtapuestos al principal en el conjunto del poemario, serían el del compromiso político-socio-cultural:

Consciência

O que mais detesto em mim

é essa inconsciência da fome alheia

Retóricas

Meu manifesto é uma dor

oposto ao desamor

Asimismo, por ejemplo, la perspectiva ecológica o post-humana; aunque no  como un mero o incluso entusiasta concepto políticamente correcto, sino ante todo como una necesidad particular, de concentrada y sutil fuerza metonímica: “Restam serenos/ a chuva encharcando as paredes de madeira/ os pés de jasmins”.  Haikus zen, entre varios otros en este poemario, pero no del Japón, sino de la amazonía.  Todo lo anterior, sin dejar de lado, felizmente para todos, la ironía o el humor; cauterio suave de las mismas heridas que levanta la lucidez:

“Digite uma palavra

Traduza minha senha

delete minha ausência

configure minha sombra

armazene meu sexo

Formate minha língua

imprima meus pensamentos

digitalize meus sonhos

grave minha voz

Word-me

Page make-me

Corel draw-me

Access-me”

Pedro Granados

Puntuación: 4.86 / Votos: 7

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