Trata-se, de reconhecer e integrar os feitos na recepção do humor e do júbilo na poesia de César Vallejo. Aglutinar, contextualizar e, talvez, sistematizar o poemário, em vários, de toda sua obra poética: “seu humor, que preserva a mobilidade expressiva, a versatilidade formal e mescla referencial” (Yurkievich 23). É dizer, em outra leitura, que não insista em castigar a Vallejo; em mantê-lo encarcerado; em uma esteira de postergações e decepções sem fim. Não esqueçamos de que, por exemplo, para um leitor contemporâneo ao poeta e tão delicado como Raúl Porras Barrenechea, Trilce: “é uma palavra inexplicável e humorística” (Dasso 307). Por sinal, daquele “avô instantâneo dos dinamitadores” [Francisco de Quevedo] (“Espanha, afasta de mim esta cálice”). E, porque não, em muito provável conexão a uma leitura profunda, da parte do jovem Vallejo, de Nietzche de O nascimento da Tragédia no espírito da música: “Crer em um Deus, semelhante de Wagner e de Dionísio, que saiba dançar” (Bendayán 2009). Ao que haveria de agregar, entre outras conexões fundamentais do humor e júbilo vallejianos, é claro a Charles Chaplin, os festejos com seus amigos do Grupo Norte de Trujillo e sua estadia em meio a uma Lima –Ainda que intima e não menos classista – borbulhantemente negra, zamba e chola. Trilce chama, portanto, a música, o canto e o baile popular que estavam em moda nos anos 20 do século passado na capital do Peru. Trilce, a modernização do Peru e da marinha limenha. Trilce como Trilalá (“La tirana”), cidade originaria, para os provincianos, ou jovem amante indolente (Otilia Villanueva Pajares). Letra, ritmo e coreografia – a um tempo –; em consonância com o que, segundo Rafael Gutiérrez Girardot, incluindo já seu primeiro poemário, tocara ensaiar o santiaguino: “O que faz Vallejo em Los Heraldos negros é construir seu teatro do mundo, seu altar de máscaras sagradas, a Gólgota infantil e um tanto triste” (Kristal 17). Óbvio, “teatro e máscaras” que, em Trilce, invertem seu valor e significado. De outra forma, o elenco de personagens no – poemário de 1918 – que em Trilce passam a ser protagonistas. Igualmente, posta em seu cenário, a Capital do Peru nos anos 20, que o palco um tanto mais abstrato e modernistas de Los Heraldos negros.
Palavras-chave: Poesía de César Vallejo, Trilce, Poesía Latinoamericana contemporánea
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