Archivo por meses: diciembre 2018
28/12/18: !SARAGUEY ROMPE! y 2019
27/12/18: “Democratización del mestizaje” en el Perú
Luis Martín Valdiviezo Arista, PhD
Luis Martín Valdiviezo Arista acaba de publicar (Auto) reconocimiento de la afroperuanidad en la educación peruana, fruto de su tesis doctoral, “Afroperuvian perspectives and critiques of intercultural education pólice” (UMass Amherst, 2012).
El lema de nuestra breve reseña –aquello de intentar superar la idea del mestizaje peruano construido a partir únicamente del binomio castellano (español)/quechua (inca)– viene de Nicomedes Santa Cruz (1925-1992), al cual este trabajo lo muestra como un muy articulado teórico de la interculturalidad; a la par del senegalés Léopold Sédar Senghor (1906-2001) y de otro peruano, José Carlos Luciano Huapaya (1956-2002). Según la visión santacruzana de la democracia: “los principios de libertad, igualdad y fraternidad deben ser aplicados a las relaciones entre culturas y etnicidades”.
“No defiendo ningún tipo de neutralidad cultural como solución para conceptualizar una identidad peruana inclusiva. Considero que la neutralidad cultural es imposible, indeseable e inútil”, puntualiza por su parte Valdiviezo. Esto último, en tanto y en cuanto crítica al eurocentrismo, colonización mental y consecuente invisibilización de otras perspectivas culturales para leer, por ejemplo, incluso la propia historia peruana: “Considero que la historiografía dominante ha deshumanizado a los sur-saharianos y afroperuanos al negar tácita o explícitamente su papel como actores en la historia peruana durante cuatro siglos [desde el primer momento, la historia del Perú fue marcada por el encuentro entre tres continentes América, África y Europa]”. Invisibilidad de lo afroperuano (4% de la población peruana se reconoce así, según el último censo), asimismo, y hasta el día de hoy, no menos en la educación nacional escolar-universitaria; lo cual, en definitiva, ha sido el denotante para que Vaidiviezo sacara adelante esta investigación.
Sin embargo, mal haríamos en sospechar algún tipo de etnocentrismo entre los argumentos de Valdiviezo, más bien, siguiendo a Senghor, aquél apunta a una “civilización multicultural global”. Ya que, y otra vez citando a Santa Cruz: “pretender identificar la cultura a partir de la raza es seguir hundido en la alienación, porque esa trampa hace mucho que la armó el colonizador en su propio beneficio”. En otras palabras, y ahora según el autor de este libro: “La confusión entre cultura y raza conducía hacia un esencialismo racial que concluía reafirmando la presuposición básica del racismo, es decir, las diferencias supuestamente genéticas e inmutables de carácter intelectual, moral o físico entre las personas de diferente color de piel”. Y, en este sentido, bien haríamos más bien en cotejar este tipo de posturas críticas frente a otras –también recientes, latinoamericanas e interculturales– como es el caso del libro de Elizabeth Monasterios, La vanguardia plebeya del Titikaka. Gamaliel Churata y otras beligerancias estéticas en los Andes (La Paz, Bolivia: IFEA/ Plural, 2015), asimismo reseñado en nuestro blog personal.
25/12/18: Explicación de Roxosol
La felicidad [la poesía] no es un premio que se otorga a la virtud, sino que es la virtud misma, y no gozamos de ella [la poesía] porque reprimamos nuestras concupiscencias [buenos propósitos, brillantes ideas, loables compromisos], sino que, al contrario, podemos reprimir nuestras concupiscencias [políticas, holísticas o incluso post-antropocéntricas] porque gozamos de ella.
(Diálogo con la Ética de Baruch Spinoza)
18/12/18: El César Vallejo de Haroldo de Campos
16/12/18: ROXOSOL: Vocação à poesia
08/12/18: [Inevitable]
Inevitable
Ir venir subir bajar
Morir vivir
Repudiar desear
Una mano abierta un ave
Unos labios cerrados
El horizonte
Y la luz que se proyecta
El sol mismo dentro de ti
Isleños todos
De las montañas también
De lo expuesto y de lo oculto
Nuestra dieta cotidiana
Nuestro balance diario
De algas y de flores
Del semejante jardín
No nos iremos con el secreto
De lo que es Trilce:
Un cronotopo
De la plenitud y de la alegría
O a la inversa
No nos iremos sin lo que hemos soñado
Y cazado como en la siesta de un perro
Nervioso anhelante sin mayor control
Un perro asustado por los fuegos artificiales
Y por el pique de los autos y del televisor
Extemporáneo perro y sabueso de osos
Y sabueso de Trilce:
Dos zorros dos pastores
Un canto alternado entre la lluvia y el sol
05/12/18: Vallejo en Bolaño, Vallejo y Bolaño en Edgar Artaud Jarry
01/12/18: César Vallejo: Tiempo de opacidad (E-book)
Para Teodoro Granados Alba, i.m.
Apresentação
“César Vallejo: tiempo de opacidad” é um convite para lermos o outro e o eu em um mesmo; o outro como uma dimensão do eu; o eu como uma dimensão do outro; o uno que é – no mínimo – um duo. Um duo não do eu mesmo, mas do outro e do eu ao mesmo tempo. A metáfora dessa perspectiva se encontra na forma comovente com que Pedro Granados tece as primeiras palavras desta obra, remetendo os leitores ao seu universo de experiências afetivas – vividas, sonhadas, ouvidas – atualizadas no presente, para introduzir o tema da opacidade cultural “de modo semejante a como mi madre, ya en la capital del Perú y en ‘español’, para alcanzar las notas más altas de los cantos de la misa dominical, se cambiaba de cultura: viajaba a las procesiones de su pueblo donde se entonaban sentidos cánticos en quechua en honor al Señor de Lampa en Ayacucho; es decir, culturalmente no era una sola persona, sino por lo menos dos”. Nessa perspectiva, Granados nos aponta caminhos de múltiplas poéticas e inquietantes possibilidades de leituras e traduções dos espaços/tempos de César Vallejo e sua importância para a atualidade de nossas vidas cotidianas em uma América/Amazônia crioulizada e em crioulização.
A personalidade forte da escrita de Pedro Granados, ao longo das páginas deste livro, está marcada nas temáticas que norteiam o objeto de sua rica análise: Trilce/Teatro (roteiro, personagens e público), a reconstrução de um diálogo intelectual e artístico César Vallejo e João Cabral de Melo Neto, uma revisita a análise de Trilce I e II e aos poemas póstumos como ponto de partida para articular aos olhos do leitor a glissaniana perspectiva do “pensamento arquipélago” e da “poética da relação” como tecituras do “direito à opacidade” em Vallejo que se reflete na significativa marca do eu/outro, e um exercício de tradução inter-semiótica e inter-atlântica Vallejo/Gauguin. Essas questões e a forma como são abordadas abrem caminhos para importantes dimensões do candente legado de Vallejo, com sua estética para o teatro e a poesia, para a arte e a vida. Uma estética cuja lógica se desmembra em múltiplas faces na possibilidade do agrupar/afastar tudo aquilo que nos integra, ou na percepção de identidades/alteridades como o transbordar de iguais/diferentes reafirmando a dignidade humana para muito além de qualquer essencialismo ou hierarquias colonizatórias. Em Granados, os trânsitos de Vallejo, sujeito do “todo-o-mundo”, são tecidos na imbricação de suas escritas e trajetórias com as escolhas éticas que dão sentido às estéticas desse inquieto poeta no romper com toda forma de “gueto identitário” e suas muitas nuances de enclausuramento do ser. Ser – aqui pensado a partir das premissas pontuadas por Édouard Glissant – que é sempre um sendo. Um sendo que, nesta obra, se manifesta em intervenções articuladoras de teatro, poesia, canto, cinema, pintura, fotografia, sempre em íntima conexão com as escolhas e os engajamentos políticos desse César Vallejo que a colonialidade continua a interditar e segregar do horizonte de formação intelectual dos estudantes de muitas universidades amazônicas.
“César Vallejo: tiempo de opacidad” é um ato de enfrentamento à colonialidade. Essa colonialidade que cega porque faz ver, ler, falar e escrever como se deve, isto é, de maneira obediente, quieta, conformada: síntese da servilidade orgulhosa, envaidecida, medíocre. A colonialidade e seu acervo de poderosas metáforas governam as cabeças e olhares de nossos professores, que as transmitem (in)tolerantes aos seus jovens alunos. Essa colonialidade interdita Vallejo de nossas salas de aula, ambientes artísticos, bares, saraus, colóquios literários, conversas de esquinas, barrancos e beiras de rios amazônicos. Uma interdição do corpo, dos sentidos e dos olhares. Uma interdição que cerceia o acesso à força transfiguradora dos versos, do canto, da poética, da estética política desse peruano do “todo-o-mundo”. Nessa direção, Pedro Granados nos conduz a um mergulho pelos caminhos de Trilce para enfatizar que Vallejo produz uma arte que rompe com as lógicas culturais folclorizadas e com os limites territoriais e linguísticos. Ruptura que se caracteriza de múltiplas maneiras, pontuadas de modo inteligente e sensível por Granados, cuja percepção nos leva a apreender um Vallejo que, em dado contexto, supera o positivismo para arremeter sua percepção lírica contra a metafísica ocidental, base ideológica de sustentação da colonialidade no Peru ou, podemos dizer, na América indígena e afroindígena. Nessa arremetida, o inquieto e transgressor Vallejo atualiza o mito de Inkarrí, reordenando toda uma imaginação coletiva em favor de uma “convivencia social incluyente y utópicamente multicultural”, em franco desafio ao hegemônico mundo colonizador branco e cristão. No âmbito da natureza política que se alimenta dessa resposta/manifesto, “César Vallejo: tiempo de opacidad”, lançado pela Nepan Editora, é um convite para irmos além das servilidades acadêmicas e seus acomodamentos. Poderíamos mesmo dizer que é o firme empunhar de uma bandeira de luta contra tudo o que esteriliza a vida, os afetos, os sentidos. Uma bandeira de luta em defesa do aqui/lá de nossas vivências na terra, do dentro/fora de nossas espacialidades e temporalidades, do encontro/desencontro ou do canto alegre/triste de nossas vidas, do eu/tu de nossas identidades. A identidade para Vallejo é um cronótopo ou o constante deslocamento transnacional, conclui Pedro Granados, e o tempo de sua opacidade é o tempo da realidade vivida que é sempre um “tempo de agora” – um devir – porque se vincula às exigências que nos são feitas no cotidiano carnalizado de nossas existências. Exigências essas que nos impõem fazer escolhas éticas, escolhas marcadas por nossa capacidade de pensar/agir no espaço público, pensar/agir em defesa de nossas igualdades/diferenças e do direito à preservação de todas as formas de vida na terra: somos natureza e cultura e compomos um planeta onde a vida da parte requer a preservação da vida do todo
Gerson Albuquerque
Professor da Universidade Federal do Acre
Centro de Educação, Letras e Artes