Impressiona em Amálio Pinheiro o saber lidar com o verso, a medida, ritmo e sonoridade. Dá-se a condução perfeita do insuspeitado metro, que regula o discurso, mesmo para depois soltar-se. É aí que se complementam em exercício poético “a textura de uma folha e a trama de uma palha”.
O aparecimento deste livro nos redime, fazendo crer que se trata de uma conquista do poeta, que nos vem libertar das repetições cansativas ou da pressa de dizer… – Jerusa Pires Ferreira
XXII
Não sei aonde se prepara para mim
a mulher que não terei,
com seus signos de outrora;
não sei por que ruas anda perdida
a minha imagen,
com uma estranha companheira
em um trem de última hora;
não sei em que estações e entroncamentos
minha bagagem me espera paciente
com meus utensílios caseiros;
não sei aonde não fui
e deveria ter ido;
não sei que outra parte de mim
continua viajando, sozinha,
antes de eu vir, depois de eu haver ido.
(De Regressos)
Amalio Pinheiro es el vallejólogo más importante del Brasil y, además, un excelente poeta y traductor. Autor de libros de semiótica como O Meio É a Mestiçagem. Los poemas de Tempo solto (São Paulo: Ateliê Editorial, 2013), presentado ayer lunes, lo constituyen textos de juventud… “escritos cuando aún no conocía a Vallejo”, alcanzó a comunicarnos. P.G.