Você diz que eu devo voltar ao meu inglês.
Por que caro amigo? Por que não seguir
minha caminhada na terra lusófona?
O tempo é para eu e para você também
se você quiser ler meus versos. Tudo
é possível. Não temos obrigações
só necessidades. Preciso escrever
no português que aprendi falar
no Brasil. Ainda sonho duma garota
no Belo Horizonte, na Foz de Iguaçu
e sim na Ipanema. Ainda penso
a Ferreira Gullar quando o visitei
no seu apartamento perto da praia.
Ferreira Gullar deu-me seus
poemas completos. Por ele escrevo
na sua língua. E pelo Lêdo Ivo,
Lembro do Cristo Redentor
através da sua janela da cozinha.
Poesia é uma conversa na cozinha
para eu. como aquela tarde
no New York quando me sentava
na mesa com Allen e seu companheiro
Peter por duas horas inocentes
Não sempre Allen buscava um beijo
As vezes ele ensinou diretamente
a um jovem poeta, dizendo-me
caminhar no Ponte de Brooklyn
e ler “The Bridge”, como Gullar
com seu Poema Sujo, e Ivo
como você que lê este poema.
Não amigo, deixa de dizer não,
não. Estamos a tempo de dizer
sim. Precisamos sim, sim
a restauração da selva amazônica.
Sim a conservação dos livros
dourados do passado. Sim a vida
depois de escrever sem freio
na língua de Vasco da Gama,
de Salgado Maranhão,
de Rosa Alice Branco,
de Marco Airton de Freitas,
de Edson Cruz,
de Almeida Onésimo,
de Luis Brito, os poetas
e professores de hoje,
meus amigos na cozinha.
Muito obrigado caro amigo pela publicacao do poema. Um forte abraco. Indran
Obrigado, caro Indran.