Por consideração com meus estudantes
Não ensinarei mais
Por compaixão com eles
Não me verão mais na aula
Comi do fruto proibido
Que vamos fazer
Deflorei
E tive em uma só mão
A cabeça atônita
Da Medusa
Não sou desta época
Excessivos têm sido meus anos
São minhas lembranças
A lua acolhida como uma criancinha
O diabo, o pobre, não o poderoso
Amontoado entre as ruas
Ubíquo
E eu escondendo o vivido
Como uma ferida de morte
Não sou do presente
Cuido de uma flor
De cemitério
E penteio a velhez
Do poema
E o oleio
Porque necessita
Por isso é que deixo
de ensinar e deixo
meus petrechos e minhas agulhas
de caçar moscas em voo
de capturar aranhas
e auscultar meu coração
de mercúrio minha alma
de éter insolúvel
a este ar nosso
E estas sabedorias
ociosas e como extravagantes
e também inúteis
ou pouco práticas
e inaplicáveis
e dolorosas e demasiado cheias
e invariavelmente ocultas
[Por consideración con mis estudiantes]/ Pedro Granados
Por consideración con mis estudiantes
No enseñaré más
Por compasión con ellos
No me verán más en el aula
He comido del fruto prohibido
Qué le vamos a hacer
He desflorado
Y tenido en una sola mano
La cabeza atónita
De la medusa
No soy de esta época
Excesivos han sido mis años
Son mis recuerdos
La luna cobijada como un pollito
El diablo, el pobre, no el poderoso
Apilado entre las calles
Ubicuo
Y yo escondiendo lo vivido
Lo deseado
Como una herida de muerte
No soy del presente
Cuido una flor
De cementerio
Y peino las canas
Del poema
Y lo engomino
Porque lo necesita
Por eso es que dejo
de enseñar y dejo
mis bártulos y mis agujas
de cazar moscas al vuelo
de capturar arañas
y auscultar mi corazón
de mercurio mi alma
de éter insoluble
a este aire nuestro
Y estas sabidurías
ociosas y como extravagantes
y también inútiles
o poco prácticas
e inaplicables
y dolorosas y demasiado henchidas
e invariablemente ocultas