
Con la amabilidad que lo caracteriza, Fernando Becker ha hecho algunas valiosas sugerencias al trabajo que Augusto Morales hizo sobre su curso y que publiqué en esta entrada. He subido al blog sus comentarios, con su autorización, enviados a través de un e-mail, porque complementan y corrigen algunas ideas del trabajo de Augusto y de esta manera contribuyen a construir diálogo y mayor conocimiento. Aunque escribe en Portugués, el sentido general de las ideas me parece que se entiende.
Luego de los saludos afectuosos, Fernando nos dice lo siguiente:
Em Piaget, a gente sempre está discutindo os conceitos porque são muito ricos, têm muitos aspectos a considerar. Por isso eu gostaria muito de discutir várias elaborações do Augusto; acredito que tanto eu quanto ele aproveitaríamos muito. A primeira, diz respeito ao construtivismo. Ele situou bem a questão. Mas, parece-me, faltou dizer que na relação sujeito-objeto, se for de fato uma relação de interação, nem o sujeito, nem o objeto sairão iguais dela. O objeto sai modificado e o sujeito transformado, com melhorias em sua capacidade cognitiva. Uma verdadeira interação tem sempre como consequência um aumento na capacidade cognitiva do sujeito que, a médio e longo prazos, se materializam em estruturas. É o que Augusto diz mais adiante: “Desde la perspectiva piagetana, entiendo que la función organizadora genera estructuras.”
Na figura 1, embora bem elaborada com características interessantes, acrescentadas por Augusto, apriorismo e empirismo podem ser entendidos um pouco diferente do que o exposto por ele. No apriorismo, não é o meio que ativa o conhecimento; este é resultante exclusivamente do sujeito. O meio é apenas oportunidade para fornecer conteúdo, como acontece na teoria da Gestalt com o insight: a estrutura que gera o insight é inata ou melhor a priori; o meio tem pouca importância. No empirismo, o conhecimento é resultante da pressão do meio e não pela percepção do sujeito; o sujeito é passivo, o meio é que age sobre ele, sobre suas sensações, sobre seus sentidos – daí a palavra empiria que significa conhecimento sensorial. Eu escreveria, na Fig. 1, junto ao círculo do sujeito: “Conhecimento garantido pelas estruturas a priori; o meio entra apenas como conteúdo, mas sem função determinante”; junto ao círculo do objeto: “Conhecimento determinado pelo meio – estímulos – , através dos sentidos do indivíduo, sobre um sujeito tabula rasa (‘Nada há na inteligência que primeiro não tenha passado pelos sentidos’)”.
Sobre a figura 2, que tem grande potencial explicativo, digo o seguinte: O funcionamento adaptativo (exógeno) acontece por assimilação e acomodação. É desse funcionamento que surge a organização (endógena) em estruturas. Isso modifica um pouco a figura na medida em que põe a organização como resultante da adaptação. Repetindo: a figura mostra grande potencial pois salienta a linha do tempo, isto é, o desenvolvimento, a evolução, a construção.
Agradeça ao Augusto pela Figura 3. Ele ampliou e melhorou o meu esquema demonstrativo do processo de abstração reflexionante por reflexionamentos e reflexões. Eu apenas discutiria o uso do termo “coordinación” em vez de reflexionamento que Piaget usa; é o reflexionamento que faz a projeção para outro patamar. Adorei a linha da aprendizagem.
Na Relevancia de la Teoria, há frases que merecem destaque como: “[…] la teoría piagetana es en general el primer gran paso para entender de forma científica e integral al sujeto.” E esta, sobre a precária formação docente, problema não só peruano, mas também brasileiro: “En el contexto educativo es más perentoria la cuestión, pues la mayoría de docentes en el país, por ejemplo, ha sido víctima de una formación precaria, con vacios teóricos y estratégicos acerca de la pedagogía, y sin ningún acercamiento serio a la teoría piagetiana del conocimiento, cuando lo que principalmente hacen los docentes es facilitar el desarrollo del conocimiento.” Gostei muito da ligação que Augusto faz do desenvolvimento cognitivo com o desenvolvimento moral, como expressa esta frase no final do texto: “Debe existir en todos, y especialmente en la institución educativa, un fuerte compromiso moral con el desarrollo del propio conocimiento para facilitar el de los demás, eso nos hará mejores personas y por ende nos permitirá una mejor sociedad.”
Finalmente, eu evitaria o uso do verbo “estimular” para designar a função do educador (professores, pais, instituições sociais, governantes, legisladores) porque a palavra estímulo nos remete ao mundo do objeto, enquanto todo o texto, coerente com a teoria piagetiana, busca a compreensão e o desenvolvimento do sujeito. Eu sugeriria o verbo “desafiar” que se dirige ao sujeito-aluno, à ação do sujeito. Numa palavra, estimular centraliza o processo no meio (físico ou social); desafiar centraliza o processo no sujeito.