Archivo por días: 4 febrero, 2009

Estudios sobre homosexualidad (gay,queer, lesbian studies)

ESTUDOS SOBRE HOMOSSEXUALIDADE (gay/ queer, lesbian studies)


Foucault

Estudos sobre as relações entre indivíduos do mesmo sexo e suas expressões artísticas. A terminologia inglesa tem consagrado disciplinas como gay studies, lesbian studies e queer theory ou queer studies, para as quais não é fácil encontrar correspondência terminológica adequada. Uma vez que tais disciplinas têm conhecido uma ampla divulgação internacional sob estas designações, quer em reuniões científicas quer na imensa bibliografia que existe hoje sobre estes estudos, optamos por reuni-las na mesma expressão genérica: estudos sobre homossexualidade. Esta expressão serve também para o propósito de definição de um campo de estudos sobre a homossexualidade em geral que não se rege por regras de género, o que constitui o objecto dos queer studies. Estes são hoje um dos mais importantes temas dos chamados estudos culturais e estão sempre presentes em discussões sobre o género (gender studies). De notar que só nas últimas décadas podemos assistir a uma forma de reconhecimento da especificidade destes estudos, por exemplo, nas catalogações de livros nas bibliotecas e nas livrarias, que entretanto adoptaram estas designações para catalogar este tipo de literatura.

Tais estudos pretendem analisar, examinar e interpretar todas as relações entre indivíduos do mesmo sexo inscritas nos textos literários, mas estendendo o seu campo de análise a outras formas de expressão artística como a pintura, a sociologia, a história, a antropologia, a psicologia, a medicina, o direito, a filosofia, etc. Estes estudos são, fundamentalmente por razões históricas de intolerância, uma (re)invenção da segunda metade do século XX, pois o século anterior havia apenas inciado a questão com a invenção do termo homossexual, para designar aquele indivíduo que partilhava afectos com outro do mesmo sexo, o que acabaria por ser explicado como um desvio de personalidade, tratado pela via clínica, ou, na prática, pela excomunhão social, sendo Oscar Wilde um dos mais conhecidos exemplos deste tipo de vitimização.

As mais recentes teorias sobre homossexualidade (queer theories) têm-se esforçado por defender a anulação das discriminações e dos preconceitos em torno da própria definição do que seja a homossexualidade, desde sempre considerada uma espécie de “anormalidade” ou “pecado mortal”. As discussões sobre a história desta discriminação nas diferentes culturas tem produzido tantas teorias quanto as próprias comunidades envolvidas. As teorias em defesa da homossexualidade argumentam que as identidades sexuais e culturais dos indivíduos não são fixas e não chegam para determinar aquilo que constitui o nosso bilhete de identidade social. A História da Sexualidade de Michel Foucault é uma obra de referência para a instituição do campo de estudos das teorias sobre homossexualidade (queer theories), onde se procura sobretudo anular a bipolaridade da história humana (heterosexual/homossexual, como identidades essencialistas que se devem criticar) ao mesmo tempo que se questionam as categorias da sexualidade que a sociedade ocidental foi construindo.

Se bem que a história da literatura homossexual (designação que é discutível para muitos, que preferem literatura sobre a homossexualidade) deva começar pelo menos em Safo, a maior dos estudos que até ao momento se têm desenvolvido concentram-se no século XIX, de Oscar Wilde e Rimbaud, e em especial no século XX, quando a liberdade de expressão e a tolerância são finalmente conquistadas, mesmo que gradualmente. André Gide, com Corydon (1911), é uma das primeiras obras a vencer o preconceito social contra a homossexualidade, mas é preciso esperar pelo fim da Segunda Guerra Mundial para que este tipo de literatura vingue verdadeiramente, com obras como Querelle de brest (1947), de Jean Genet, ou The City and the Pillar (1949), de Gore Vidal.

GINOCRÍTICA; HOMOCULTURA; MASCULINIDADE; SEXUALIDADE E LITERATURA

Bib.: Annamarie Jagose: Queer Theory: An Introduction (1996); António José Ferreira Afonso: A Homossexualidade Masculina (1995); David F. Greenberg: The Construction of Homosexuality (1988); Didier Eribon (org.) : Les études gay et lesbiennes (1998) ; Esther D. Rothblum (ed.): Classics in Lesbian Studies (1997); Henry Abelove et al. (ed.): The Lesbian and Gay Studies Reader (1993); Henry L. Minton (ed.): Gay and Lesbian Studies (1992); Jennifer Harding: Sex Acts: Practices of Femininity and Masculinity (1998); Ken Plummer (ed.): Sexualities [journal] (1998-); Ken Plummer (ed.): Modern Homosexualities: Fragments of Lesbian and Gay Experience (1992); Judith Butler: Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity (1990); John Champagne: The Ethics of Marginality: A New Approach to Gay Studies (1995); Martin Duberman (ed.): Queer Representations: Reading Lives, Reading Cultures: A Center for Lesbian and Gay Studies Book (1997); Teresa Castro d’Aire: A Homossexualidade Feminina (1996); Theo Sandfort et al. (eds.): Lesbian and Gay Studies: An Introductory, Interdisciplinary Approach (2000); Timothy F. Murphy (ed.): Reader’s Guide to Lesbian and Gay Studies (2000)

http://www.theory.org.uk/ctr-que1.htm

http://www.nypl.org/research/chss/grd/resguides/gay.html

http://www.iglss.org/

http://web.gsuc.cuny.edu/clags/home.htm

Fuente: Carlos Ceia

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Qué es FALOGOCENTRISMO

FALOGOCENTRISMO


Derrida

1. Termo cunhado por Jacques Derrida combinando as palavras falocentrismo e logocentrismo para produzir uma crítica às teses de Jacques Lacan no célebre seminário sobre o conto de Edgar Alan Poe, “The Purloined Letter”, que Derrida considera pecar por falogocentrismo. Em “Le facteur de la vérité” (Poétique, 21, 1975), resposta ao ensaio de Lacan “Le séminaire sur ‘La lettre volée’ ” (Écrits I, 1966), Derrida joga com a ambiguidade do termo “facteur”, que em francês tem o duplo sentido de “carteiro” e “termo de uma operação matemática ou produto”, ambos servindo o objectivo do ensaio: questionar o postulado lacaniano de que uma carta chega sempre ao seu destino e, consequentemente, analisar o problema da destinação da verdade em psicanálise. Derrida considera que Lacan cai no erro do falogocentrismo porque a carta é interpretada simplesmente como imagem do falo, ignorando que o sentido não pode existir numa tal relação unívoca.

2. Na crítica feminista, o termo denota a dominação masculina, evidente no facto de o falo ser sempre aceite como o único ponto de referência, o único modo de validação da realidade cultural. A sociedade dominada pelo falogocentrismo olha sempre a mulher com base na sua relação com o homem, deixando prevalecer os aspectos que lhe faltam por oposição à plenitude do homem. O discurso é falogocêntrico porque se organiza internamente à volta de todos os sinais e marcas do masculino, quer no que respeita ao vocabulário quer em relação à sintaxe, à gramática e às próprias regras da lógica discursiva.

FALOCENTRISMO; LOGOCENTRISMO

http://www.colorado.edu/English/ENGL2012Klages/Irigaray.html

Bib.: Hélène Cixous: “Sorties”, in La Jeune Née, de H. Cixous e Catherine Clément (1979) ; Judith Butler: Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity (1990); Luce Irigary: Sexe qui n’en est pas un (1977).

Fuente: Carlos Ceia. E-Dicionário de Termos Literários

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